Aprendi a conviver comigo mesma, a valorizar a vida.

Texto: Marcia Pinto. Revisão: Isabela Oliveira. Foto: Alexandre Coelho.

Meu nome é Marcia, tenho 42 anos e moro na zona norte do Rio de Janeiro. Descobri o nódulo no seio por acaso, numa noite comum. Fui investigar, procurei a ginecologista e fiz uma biopsia cujo resultado foi um carcinoma ductor invasor (câncer de mama). Pra mim, foi uma sentença de morte. Me vi diante da opção de viver ou morrer.
Fiz consultas no INCA para rastrear o câncer na mama e fui surpreendida também com uma metástase na bacia. Os médicos não queriam me operar. Nesse período me apeguei muito a Deus, resgatei meu lado espiritual e, quando fiz a cintilografia óssea, três meses depois, não havia nenhuma metástase. Na época eu morava com minha companheira. Ela me deu muita força durante o tratamento todo, que durou um ano e meio.

Fiz quimioterapia e a cirurgia para remoção da mama. Infelizmente, o relacionamento ficou muito abalado. Nos separamos e voltei a morar com minha mãe. Foi muito difícil lidar com tantas emoções: o tratamento, a luta pela vida, e a separação. Mas hoje, graças a Deus e a força que tive de minha mãe, consegui superar tudo isso. Voltei a trabalhar normalmente e continuo o acompanhamento com o mastologista a cada quatro meses. Hoje, sou uma mulher mais forte e mais madura por ter passado por isso tudo.

Aprendi a conviver comigo mesma, a fazer coisas que não fazia antes, a valorizar mais a vida. Quando li sobre o projeto Pérolas quis fazer parte porque sei bem como é se sentir menos mulher por conta da retirada do seio. Retirar a mama é terrível, uma sensação de mutilação, porque o seio é fonte de beleza e de prazer. Poder participar do projeto Pérolas é uma forma de aumentar minha autoestima e de poder mostrar a tantas outras mulheres que elas podem e merecem sentir-se apreciadas.