Texto: Laura Santos. Revisão: Isabela Oliveira. Foto: Paloma Emmanuelle.

Eu estava com problemas de família e fiquei muito depressiva, peguei o problema todo para mim. Não comia, chorava o tempo todo, emagreci 13 kg em um mês, comecei a sentir muitas dores no corpo e, em 2015, descobri que estava com uma doença sem cura chamada fibromialgia. Eu era quase uma inválida e dependia do meu marido para tudo, até para pentear o cabelo e me vestir, coisas que não conseguia fazer sozinha tamanha era a dor. Isso me deixou cada vez mais depressiva e minha imunidade foi parar lá embaixo.

Em março de 2016, senti um caroço apalpando o seio no banho e ali eu já sabia que estava com câncer. Meu marido tentou não acreditar e me fazer acreditar que não era. Logo fui ao médico, que me mandou fazer ultra e biópsia. Quando peguei o resultado, não me abalei nem um pouco pois já sabia e me sentia preparada para o que vinha pela frente, pois naquele momento em que senti o caroço e já sabia que era câncer, resolvi lutar pela minha vida e entendi que chorar e ficar mal só estava me fazendo mal.

Então, fui encaminhada para o Hospital da Lagoa, e lá cheguei com o resultado dos meus exames em mãos. Porém, me perguntaram logo: Cadê a mamografia? Eu não tinha, e o mastologista logo me mandou fazer. Para minha surpresa não pude fazer, pois minha menstruação estava atrasada. Tive que fazer um Beta HCG para descartar gravidez e fiquei muito brava, pois achava desnecessário. Estar grávida era praticamente impossível! Eu tentava engravidar a 5 anos não conseguia.

Como para Deus nada é impossível, eu estava grávida sim.  Foi um desespero total e pensei: E agora, o que vou fazer?! Seguir a gravidez e correr a chance do tumor aumentar e ir para outros lugares do corpo, ou interromper a gravidez e fazer o meu tratamento do câncer? Isso sim fez meu chão abrir. Porém, antes que eu pudesse ficar triste ou feliz, perdi o meu bebê no mesmo dia. Chorei muito! Me tranquei no quarto e chorei por uma noite inteira. Fiquei com raiva de Deus e o questionei, querendo saber o motivo de Deus ter me mandado um filho justamente agora e me tirado ele. E Deus falou comigo: Esse filho foi para você saber que é fértil e o tirei pra você fazer seu tratamento. Vou te curar, e ao final disso tudo terás seu filho de volta. Depois disso, levantei e dei a volta por cima.

Operei em julho de 2016. Tirei um quadrante, e na biópsia da cirurgia já tive o resultado de cura. Amém, glória a Deus! Fiz 8 seções de quimioterapia. Na primeira sessão, eu estava com muita dor da fibromialgia, e mais uma vez Deus me mostrou o porquê daquilo tudo. Saí da primeira sessão de quimioterapia curada da fibromialgia. Não sentir mais dor pelo corpo todo me deu mais forças ainda, eu era novamente eu! Durante o tratamento, tive tontura, queda de pressão, desmaio, prisão de ventre, hemorroida, fissura anal e algumas dores, mas passei por tudo muito bem. A presença do meu marido e da minha família foi fundamental em todo o processo. Eles foram super demais! Agora, estou no aguardo para começar a radioterapia. Serão 30 sessões, mas isso será fichinha para mim, por que eu me amo e Deus me ama muito mais.

O que me dá forças diariamente é Deus e minhas sobrinhas Ísis e Júlia. Sem eles na minha vida eu teria desistido de tudo. Emocionalmente me sinto pequena como um grão de areia que qualquer vento ou água pode destruir facilmente, mas na grande maioria do tempo me sinto forte e guerreira. Antes do câncer, eu era uma pessoa que não tinha muito amor pela vida ou por mim mesma. Agora eu sou mais eu, sou guerreira, vitoriosa e tenho sede de vida. Participar do Pérolas é muito importante pra mim! Faz bem para o meu lado emocional, físico e psicológico. Temos toda uma troca de experiência de vida. Foi amor à primeira vista, só que ao invés de ser por uma pessoa só, é por um grupo de mulheres. É uma admiração sem fim, por que todas são guerreiras!