A insistência que salva vidas

Texto: Ângela Possas. Revisão: Isabela Oliveira. Foto: Nina Raugust.

Recebi o diagnóstico de câncer de mama no dia dezoito de julho de 2012. Mas, não foi uma coisa que me deixou triste. Eu vinha pedindo uma biópsia para a minha médica a dois anos, mas ela dizia que era uma bobagem e que eu iria gastar dinheiro a toa. Um dia, foi ao consultório e acabei discutindo com ela. Com medo de um escândalo, ela me deu o encaminhamento. Então, procurei o mastologista que ela me indicou, e fui à consulta levando os exames que já tinha. Chegando lá, o médico me disse: “Segunda você vem. Vou dar um corte, tirar um pedaço, e você trás R$450,00. Na terça, você volta para fazer o curativo. Quarta, você volta trazendo mais R$450,00, e te dou o resultado”.

Eu saí de lá muito chateada. Como uma pessoa pode ser assim, tão fria?! Fui em outra mastologista, que olhou os exames e pediu uma biópsia. Fiz o exame, e eu mesma fui pegar o resultado. Deu positivo. Eu não chorei diante do diagnóstico, mas ri. Sim, eu ri de alegria porque enfim descobri que o que eu desconfiava era verdade. A partir de agora, iria correr atrás do prejuízo. Levei o resultado para ela, e ela me disse que me encaminharia para o Inca, e que o câncer era tratável.

A minha primeira consulta no Inca foi no dia vinte e cinco de setembro de 2012. Passei pela triagem e vi muita gente chorando, muitas inconsoláveis. Foram pedidos vários exames, feitos lá no Inca mesmo. Então, fui a uma consulta para marcar a quimioterapia, e meu médico me disse que eu iria fazer oito sessões: quatro vermelhas, e quatro brancas. Brinquei com o médico, dizendo: “Você também vai retirar minha mama toda? Assim, venho pra uma consulta com peitinho e a outra, sem”.

Achei que fosse ficar triste quando iniciasse o tratamento e meu cabelo começasse a cair, mas não. Para mim, foi normal. Na primeira quimioterapia branca, a enfermeira errou meu peso e me deu uma dose excessiva de medicamento. Foi horrível, fiquei quase quinze dias em posição fetal. Até hoje sinto muitas dores nos ossos, em consequência desse erro. No dia dezenove de março de 2013, eu finalmente terminei minha quimioterapia. Só Deus mesmo! Ele foi tão bom comigo, que três dias depois pude ver minha filha caçula ficar noiva, e comemorei 28 anos de casada. Mais ou menos um mês depois, em abril de 2013, minha filha mais velha descobriu estar grávida de 5 meses, de um menino. Costumo dizer que o Guilherme me trouxe de volta à vida.

Minha cirurgia foi marcada para o dia doze de maio, Dia das Mães. Com a notícia da vinda do meu neto, minha recuperação foi muito mais rápida. A espera foi grande para começar a radioterapia, pois o médico esqueceu de fazer o pedido. Uma semana após terminar a radio, perdi totalmente a visão do olho esquerdo. Mesmo assim, agradeço a Deus por estar viva.