Alegria compartilhada é alegria redobrada

Texto: Sandra Silva. Revisão: Isabela Oliveira. Foto: Mariana Machado.

Em 2016, eu fui diagnosticada com câncer. Senti algumas dores, fui ao médico, e ele me passou alguns exames. Depois de ver os exames, ele disse que não tinha dado nada. Porém, eu tinha um caroço aqui. Creio eu que ele não quis dizer nada porque, quando eu fui levar a mamografia e a ultra, fui sozinha. Aí ele me deu os papéis, me encaminhou para um mastologista e me mandou ir naquele dia mesmo. Não consegui ir no mesmo dia, mas marquei uma consulta para a mesma semana. Eu estive lá em uma terça, e a consulta foi marcada para a quinta. Até nisso eu tive sorte, graças a Deus.

Quando cheguei no mastologista, ele apalpou meu peito e falou que tinha um caroço ali. Então, eu perguntei se era maligno ou benigno, e ele disse que não poderia me responder porque tinha que fazer uma biópsia. Segundo o médico, o resultado sairia rápido e o tumor estava bem grande. Ele me recomendou que levasse o resultado do exame para ele assim que o tivesse em mãos. Então eu fui, já saí do consultório dele com um papel direto pra fazer lá no Leblon, pois foi onde ele me indicou. Uma prima minha me acompanhou nesse dia. O resultado da biópsia levou de 15 a 18 dias para sair, se não me engano.

Peguei a biópsia e marquei de levá-la para o médico no dia seguinte. Na consulta, fui com o meu marido. O médico perguntou se eu tinha aberto, e eu falei que não. Ele me perguntou o porque e eu disse que não tive coragem, por que eu tenho uma prima que é enfermeira e, se eu abrisse e visse qualquer coisa diferente, ia pedir para ela ver e ela poderia falar… ou não. Talvez ela me diria para levar para o meu médico. Então ele abriu o exame e falou que eu estava com câncer. Era um tumor maligno, e não tinha como fazer o quadrante. Quando ele falou que não tinha como fazer o quadrante, eu logo notei que teria que retirar minha mama. Ele não usou essa expressão “retirar a mama”, só falou que não dava para fazer o quadrante e que se eu insistisse em fazê-lo, deveria assinar um termo.

Aí foi aquela coisa, né… Chorei muito! Meu marido estava comigo, nós conversamos um pouco, mas ele não derramou uma lágrima. Ele ficou com os olhos meio vermelhos, mas não chorou. Provavelmente por minha causa, para me dar força.  Naquela tarde eu fiquei muito mal. Meu marido contou para a minha prima, que foi lá em casa. Esse foi o começo da minha luta. Como o meu médico estava sendo descredenciado da Amil, ele só estaria disponível até o dia 28 de setembro de 2016. Então, ele marcou a cirurgia para o dia 27 de setembro e eu fiz a retirada da minha mama nesse dia mesmo, meu aniversário. Fiz tudo direitinho: mastectomia, esvaziamento da axila… Tive que esperar uns dias para ver se ia precisar fazer quimioterapia ou não. Precisei fazê-la, além de 28 sessões de radioterapia. Vai fazer um ano agora em julho que eu acabei a radio.

Meus exames apresentaram tumores em outras partes do corpo como pulmão, fígado, etc. Então, procurei uma oncologista, que me disse: Sandra, a gente tem que fazer um monte de exames e não vai dar tempo de fazer a quimioterapia que você tem que fazer, que seriam as vermelhas e as brancas. Foi aí que ela optou pelo uso do hereceptin e eu comecei o tratamento. Para as consultas eu ia sozinha e pra fazer o tratamento eu ia com alguém, pois não era permitido ir sozinha.

Em março, quando fui marcar a consulta do mês seguinte, a funcionária que me atendeu disse que o tratamento de abril – que seria realizado no dia 2- seria o último. Vocês não têm ideia do quanto eu fiquei feliz e surpresa. No meu papel estava escrito que meu último tratamento seria em agosto. Então eu questionei ela, dizendo o que estava no meu papel. A funcionária deixou bem claro que eu deveria entrar em contato com a minha médica – nesse caso, na próxima consulta, que ocorreria dia 6 de abril – para ela lançar esse dado no sistema, pois só os médicos tinham esse acesso.

Naquele dia fui para casa pensando nisso, e disse para mim mesma: se isso for verdade, eu tenho que dar um testemunho, tenho mesmo! Quando chegou o dia 6, fui pra consulta e disse: Doutora, tenho que perguntar um  negócio para a senhora que eu não posso esquecer! Ela disse para conversarmos no fim da consulta, e assim fizemos. Quando eu contei o que estava acontecendo, ela me disse que aquilo não era possível, pois meu tratamento iria até agosto. Mas, quando ela foi conferir, viu que a funcionária estava certa e que meu tratamento realmente tinha terminado no dia 2 de abril. Aí ela me abraçou, me beijou… nossa, como eu chorei naquele dia!

Saí de lá com o rosto inchado de tanto chorar. Eu estava esperando que aquilo terminasse muito depois de quando era para terminar de verdade. Acredito que isso tenha sido uma coisa de Deus. Estou muito feliz e alegre! Ontem, dei meu testemunho na igreja e nem consegui terminar direito, por conta da emoção. O padre terminou por mim porque ele conhece meu caso. Eu tenho certeza que estou curada. Agora é continuar tomando o remédio e continuar indo nas consultas, cada vez mais mais espaçadas. Quis compartilhar essa história com vocês hoje e agradecer ao Projeto Pérolas. Vocês são demais!